'Tijucas precisa da maternidade de volta'

15/07/19 às 09h09
Atualizado em 23/04/23 às 15h03
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 "Dinheiro nenhum no mundo paga a sensação de colocar um bebê saudável na Terra. Ouvir o choro de uma criança que acabou de nascer é música para o meu ouvido". Em depoimento exclusivo, médico tijuquense que colocou mais de 25 mil crianças no mundo cobra melhorias no Hospital São José e na saúde de Tijucas:

Quem é o Dr. Pacheco?

"Meu nome é Antônio Olímpio Pacheco, sou natural de Pouso Redondo, venho de uma família muito humilde, me considero um batalhador. Passei por Blumenau, fiz o curso de bombeiros em 1970, consegui entrar na corporação onde fui estudando. Fiz graduação, pós-graduação em Medicina. Quando terminei a faculdade, em meados de 1980, fiz vários outros cursos, e em 1985 vim para Tijucas, haja vista que o obstetra que havia na cidade deixou as funções. Eu tinha 35 anos na época. Hoje tenho 71 e continuo por aqui. "

Como era Tijucas?

"Naquela época era muito diferente. A saúde aqui funcionava muito bem, muito melhor do que nos dias de hoje. O hospital tinha algo em torno de 135 leitos, tínhamos até uma ala cirúrgica própria. Eu e o Dr. Rogério chegamos a fazer cerca de 100 partos por mês quando chegamos por aqui. "

Minha experiência de vida

"Se somar todos os anos que eu atendo aqui e em outras cidades, creio que devo ter feito algo em torno de uns 25 mil partos. Uma das coisas que mais me acontece é andar na rua e ser parado por uma mãe, um pai, até mesmo um filho que sempre me diz:

"O senhor fez o meu parto", ou "minha esposa teve nosso filho com o senhor". Tem até uma história engraçada: um dia bati meu carro, e quando fui ver o que tinha acontecido, conversar com o outro motorista, o rapaz que veio me socorrer, quando me viu, disse: "ah, o senhor fez o parto da minha irmã" e tudo já ficou bem.

Nossa profissão é algo muito gratificante. Muita gente não gosta, porém para nós a maior alegria é ouvir o choro de uma criança que acabou de nascer. É música para os nossos ouvidos! Dinheiro nenhum no mundo paga a sensação de colocar um bebê saudável na Terra."

Como vejo a Tijucas do futuro

"Tijucas está crescendo muito, desde a estrutura da cidade até as ruas, que estão todas sendo asfaltadas. O único ponto negativo, que piorou muito com o passar dos anos, foi a nossa saúde, principalmente no que diz respeito ao nosso hospital. Agora mesmo, com a retirada da maternidade daqui, ficamos ainda mais tristes. Pobre das mulheres que chegam ao final de uma gestação e precisam ir a outra cidade para poder ter o seu bebê! Elas ficam tão inseguras que o stress acaba atrapalhando a gestação. Elas perderam o direito de ter seus filhos na cidade delas, onde elas trabalham, onde elas vivem!

Deveríamos trazer nossa maternidade de volta. É algo muito triste saber que nos encontramos nesta situação. O que me chama atenção, é que uma cidade menor que a nossa, como São João Batista, recebe estas gestantes, recebe pacientes daqui. Deveria ser diferente. Nem mesmo pagando elas conseguem fazer os partos aqui, estamos dando dinheiro para outras cidades, dinheiro que poderia ser investido em Tijucas.

De qualquer forma, tenho uma expectativa muito boa sobre a cidade que não para de crescer. Estamos com planos de, muito em breve, fazer uma reforma completa aqui na CLINIVATI, trazendo novas tecnologias, investindo em novos equipamentos, contando inclusive com uma farmácia e aparelho de ressonância magnética, que é o nosso maior sonho. Nós começamos pequenos, com apenas um aparelho de ultrassonografia, hoje estamos bem estabilizados e pensando sempre no futuro. "

Fonte: Jornal Razão

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