Coach do ‘emagrecimento rápido’ é preso na mesma operação que investiga farmácia de Itapema

15/08/23 às 20h20
Atualizado em 10/11/24 às 21h45
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Foto: Polícia Civil/Divulgação

O dono de uma conhecida rede de clínicas de estética de Santa Catarina foi preso nesta terça-feira (15), suspeito de liderar uma organização criminosa que comercializava serviços irregulares de nutrição e medicina. A operação, denominada Venefica, foi realizada pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Joinville. Um dos alvos da operação foi uma farmácia de manipulação* situada no bairro Meia Praia, em Itapema, que recebeu a visita de uma equipe do Gaeco na manhã desta terça-feira.

O suspeito, que já tinha sido condenado em 2019 por atuar como nutricionista sem formação, é agora acusado de encaminhar prescrições médicas falsificadas aos clientes.

A polícia informou que o homem também estaria envolvido em práticas de superfaturamento, atrelado à venda casada de fórmulas de medicamentos produzidas por ele mesmo.

Relatos indicam a presença de medicamentos vencidos e não refrigerados corretamente nas clínicas, que possuem unidades em Balneário Camboriú e Joinville.

Nas redes sociais das clínicas, foram identificadas publicações sobre emagrecimento, além de fotos com supostos resultados de clientes que adquiriram os serviços da rede.

A operação Venefica investiga crimes como falsificação e adulteração de produtos medicinais, exercício ilegal da profissão, falsidade ideológica, lavagem de capitais e organização criminosa.

Foram cumpridos outros cinco mandados de prisão preventiva e 50 mandados de busca e apreensão, que se estenderam até o Paraná e São Paulo.

A Justiça determinou o bloqueio de bens, incluindo veículos e dinheiro, do acusado e de outros envolvidos no esquema.

Além disso, as autoridades decretaram a suspensão de perfis e contas em redes sociais ligadas às clínicas e a suspensão das atividades de quatro filiais.

Segundo a investigação, os bens raramente estavam registrados em nome do suspeito, que utilizava terceiros, os chamados “laranjas”, para ocultar o patrimônio.

O Esquema por trás das clínicas de estética de luxo

Segundo a Polícia Civil, o coach estético, sem formação adequada, encaminhava prescrições médicas falsificadas aos clientes. Além disso, há suspeitas de que ele superfaturava os preços, com uma prática conhecida como venda casada de fórmulas de medicamentos.

Em um método que limitava as opções dos clientes, a clínica evitava entregar as receitas médicas diretamente a eles. De acordo com as investigações, os clientes recebiam um protocolo, que os direcionava a farmácias de manipulação específicas, que supostamente faziam parte do esquema fraudulento.

Apesar de não possuir formação na área de saúde, o suspeito contratava nutricionistas e médicos para assinarem as prescrições. Esses profissionais, aparentemente, não tinham conhecimento das irregularidades. A clínica também contratava biomédicos que eram responsáveis pela aplicação de injetáveis nos clientes dentro das instalações da clínica.

O site da clínica, agora sob investigação, listava uma variedade de serviços oferecidos, incluindo coaching comportamental, consultoria online, programas de emagrecimento, estética avançada, exames de bioimpedância e biorressonância, e consultas de nutrição esportiva e funcional.

As investigações da Polícia Civil revelam a magnitude do suposto esquema: somente em uma das unidades da clínica, mais de 110 clientes estavam agendados para consultas na terça-feira em que a operação foi deflagrada.
Histórico de Irregularidades do Coach

O suspeito já enfrenta um histórico de problemas com a lei. Em 2017, ele foi detido por exercer ilegalmente a profissão de nutricionista e por comercializar medicamentos sem devido registro. Naquele período, ele mantinha uma clínica em Joinville, Santa Catarina.

Na época da prisão, a Polícia Civil revelou que pacientes de Ponta Grossa, no Paraná, apresentaram complicações de saúde após consumirem os medicamentos prescritos na clínica do suspeito.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) concluiu seu julgamento em 2019. A sentença condenou o homem a oito anos de prisão. As acusações incluíam falsificação e venda de medicamentos sem registro, omissão de informações sobre os produtos ofertados aos clientes e exercício ilegal da profissão de nutricionista.

*A equipe do Visor Notícias entrou em contato com a farmácia de manipulação de Itapema, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

Fonte: g1

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