12/01/24 às 14h14
Atualizado em 09/01/25 às 12h49
Visualizações: 663
Foto: Reprodução/Redes sociais
Um laudo da Polícia Científica, derivado de amostras coletadas na BMW, revelou a causa da morte dos quatro jovens na rodoviária de Balneário Camboriú. O impactante caso que comoveu o Brasil no primeiro dia do ano, quando o grupo de amigos foi encontrado sem vida em um carro de luxo, agora tem esclarecimentos fornecidos pelos peritos. Conforme o laudo, a intoxicação por monóxido de carbono, resultante de modificações no sistema de escapamento, foi determinante nos óbitos. O monóxido de carbono é uma substância inodora e incolor que pode levar à asfixia. Desde as primeiras horas após a divulgação do ocorrido, os investigadores já suspeitavam que o gás seria o responsável pelo trágico desfecho que vitimou Gustavo Elias, 24 anos, Tiago Ribeiro, 21, Karla Aparecida dos Santos, 19, e Nícolas Kowaleski, 16.
“Amosfera tóxica”
Conforme a perita criminal bioquímica Bruna de Souza Boff, a concentração de monóxido de carbono em três das vítimas estava acima de 50%, enquanto uma registrava entre 49% e 50%, resultando na morte gradual do grupo de amigos. Essa situação foi ocasionada por pelo menos quatro alterações realizadas na BMW em que os jovens estavam, incluindo a substituição do catalisador e do escapamento sem a instalação de abafadores. Essas modificações permitiram que o gás tóxico penetrasse no veículo, que, completamente fechado e com o ar-condicionado ligado, intoxicou o grupo.
A perícia identificou um total de 1.000 ppm de monóxido de carbono próximo ao ponto de ruptura do motor, onde as alterações na BMW foram realizadas. Segundo a Polícia Científica, isso gerou uma “atmosfera tóxica dentro do veículo”. O perito criminal Luiz Gabriel Alves de Deus complementa que essa condição foi agravada pelo fato de o carro estar completamente parado, resultando na ausência de circulação de ar.
A revelação da causa da morte dos quatro jovens mineiros foi confirmada durante uma coletiva de imprensa na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública, em Florianópolis, na manhã desta sexta-feira (12). O encontro contou com a presença do secretário-adjunto Freibergue Rubem do Nascimento, do delegado-geral de Polícia Civil em SC, Ulisses Gabriel, da perita-geral da Polícia Científica do Estado, Andressa Boer Fronza, além de representantes do Samu, da Divisão de Investigação Criminal de Balneário Camboriú, do Instituto Médico Legal e de peritos que contribuíram para a investigação.
Conforme o delegado Ulisses Gabriel, até o momento, não foram identificadas ligações anteriores ao SAMU, que, após receber a única chamada, chegou ao local em poucos minutos. Os celulares das vítimas estão em análise pericial para gerar um relatório de todas as chamadas feitas naquela noite.
Ele destaca que, caso o SAMU tivesse chegado enquanto as vítimas ainda estavam vivas, seria necessário, inicialmente, identificar a intoxicação por monóxido de carbono. As vítimas teriam que passar por transfusão de sangue, entretanto, mesmo com esse procedimento, a chance de sobrevivência seria mínima devido ao nível de contaminação, considerando os danos causados pelo monóxido de carbono nos órgãos.
Na manhã de segunda-feira (1º), os quatro jovens foram encontrados em parada cardiorrespiratória dentro de uma BMW no estacionamento da rodoviária de Balneário Camboriú, onde foram buscar Geovana, namorada de Gustavo. Com a assistência de populares, eles foram colocados na calçada para receber socorro. Após 40 minutos de tentativas de reanimação, infelizmente, todos faleceram.
Geovana relatou que os amigos chegaram à rodoviária por volta das 3h15min, queixando-se de enjoo e tontura. Diante do congestionamento para retornarem à Grande Florianópolis, onde residiam, decidiram permanecer dentro do carro, com o ar-condicionado ligado, na expectativa de se sentirem melhor. Ela optou por esperar do lado de fora do veículo e, por volta das 7h, foi verificar como estavam. Nesse momento, deparou-se com o namorado sangrando pela boca e os demais com olhos avermelhados.
Ao solicitar auxílio do Samu, que alega ter chegado ao local em oito minutos, todos foram declarados mortos ainda na rodoviária. Segundo o relato de Geovana, o intervalo entre a última vez que falou com os amigos até o momento em que percebeu que não estavam respirando foi de aproximadamente 40 minutos, conforme a Polícia Civil. Imagens das câmeras de segurança da região foram requisitadas para perícia.
A polícia coletou exames para esclarecer as causas das paradas cardiorrespiratórias. Uma análise preliminar da BMW indicou um vazamento entre o motor e o painel do carro, possivelmente causando intoxicação e asfixia por monóxido de carbono. Familiares informaram na delegacia que recentemente houve uma customização no escapamento do veículo. Os corpos não apresentavam sinais de violência, e a Polícia Militar afirmou não ter encontrado vestígios de álcool e drogas no carro.
Fonte: Visor Notícias
Mais lidas de hoje