Medicamento retido na Anvisa compromete tratamento de menina com câncer

07/05/18 às 17h17
Atualizado em 01/09/24 às 13h32
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Foto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Anvisa alega que não pode liberar medicamento importado antes de comprovações por parte da SES; Secretaria afirma que já realizou todos os procedimentos necessários

Antonella Brandolt Severo, de três anos, faz tratamento contra leucemia de alto risco no Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital, desde outubro do ano passado. Além de correr contra o tempo para salvar a vida, a menina ainda precisa esperar pela burocracia, que pode prejudicar as chances de cura.

Segundo o pai de Antonella, Nairo Severo, a filha teve duas reações aos medicamentos utilizados nas quimioterapias e, por isso, necessita de outras fórmulas. O último remédio solicitado pelo hospital e já adquirido pelo Estado está retido no aeroporto de Florianópolis aguardando a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A família ingressou com uma ação judicial para conseguir a medicação. O juiz da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São José, Otávio José Minatto, determinou que o Estado de Santa Catarina disponibilize o medicamento até o dia 21 de maio, data até então prevista para a próxima sessão de quimioterapia. Porém, a quimio precisou ser adiantada para terça-feira, dia 8, devido à gravidade do estado de saúde da menina.

— É uma sensação de total descrença com o Estado, se tratando da vida de uma criança indefesa, visto que a vida dela está na mão de alguém que nem sabe o que a mesma está passando, sendo jogado de um lado para outro pelos órgãos que nós pagamos para nos defender — diz o pai.

Antonella completou três anos no dia 30 de abril e mora com a família em São José. A menina, apensar da doença, está sempre sorridente. O pai conta que o câncer (leucemia linfoide aguda — LLA) foi descoberto em outubro do ano passado. Imediatamente ela passou pela primeira fase do tratamento com pequenas doses de quimioterapia até o corpo se adaptar.

Em seguida, iniciou o tratamento em seis blocos. Durante sete dias ela fica internada no hospital recebendo a medicação e 21 dias ela passa em casa. De acordo com Nairo, durante este período, a filha sofreu dois choques anafiláticos resultantes de reações ao medicamento. Por isso, ela precisou trocar a medicação, que é importada e de alto custo.

A primeira reação anafilática foi ao uso do Elspar (L-Asparaginase), em fevereiro. Na época, a família fez uma vaquinha para conseguir comprar o remédio Oncaspar (Pagasparaginase), que custava R$ 44 mil. O caso foi divulgado na coluna da Laine Valgas, na Hora.

— Ela utilizou duas doses e entre a segunda e terceira dose ela reagiu novamente com choque anafilático, com perda de oxigênio, vômito, asfixia e outros sintomas. Por isso, precisa de outra opção, que nós estamos buscando agora — diz o pai.

O remédio em questão é o Erwinase, que custa cerca de R$ 70 mil e deve ser usado no último bloco do tratamento, marcado para terça-feira, 8. Até então, a data prevista era 21 de maio, no entanto, devido o estado de saúde da menina, o serviço de oncohematologia do hospital infantil solicitou à Secretaria de Estado da Saúde a compra do medicamento até terça para a realização do procedimento. “A falta pode comprometer a possibilidade de cura da paciente em questão”, informa a notificação enviada pelo hospital na quarta-feira, 2, à secretaria.

O que dizem o Estado e a Anvisa

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que já comprou o medicamento e, por ser um produto importado, precisa da liberação da Anvisa. O medicamento está no Aeroporto Hercílio Luz. A saúde estadual acrescenta que entrou em contato com a Anvisa para solicitar prioridade na liberação, mas até o momento não obteve retorno.

Já a Anvisa explicou que como o medicamento não possui registro no Brasil ele precisa de uma autorização de importação excepcional. Para isso, a SES precisa apresentar algumas comprovações relacionadas ao produto. Segundo a agência, isto é necessário para garantir a segurança do paciente.

A Secretaria afirmou que “todas as questões burocráticas e financeiras foram feitas, faltando apenas análise e liberação do medicamento por parte da agência”.

Evento terá verba revertida para a Avos

O grupo de modelos Fashionistas Kids e Teens de Santa Catarina vai realizar duas ações beneficentes em prol da Antonella e da Associação de Voluntários de Saúde do Hospital Infantil Joana de Gusmão (Avos). Neste sábado, 5, ocorre o desfile beneficente de moda infantil no Centro de Eventos Celebrate Park, em Santo Amaro da Imperatriz, a partir das 16h. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos ingressos, que custam R$ 10, será revertido para a Avos.

Além disso, durante o evento será vendida uma rifa, no valor de R$ 12, para arredar fundos para o tratamento da Antonella. A menina, inclusive, deve fazer uma participação especial no desfile. O prêmio da rifa será um conjunto de acessórios.

Gisele Hoffmann Faccioli, organizadora do desfile, explica que o Fashionistas começou a fazer eventos beneficentes a partir do diagnostico de câncer de uma menina do grupo.

— Foi a partir do caso da Pietra que começamos a acompanhar o tratamento dela e de outras crianças. Conhecemos a Avos e vimos a necessidade que eles têm e decidimos fazer estes projetos para o resto da vida para ajudar.

 

Fonte: Hora de Santa Catarina

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