21/11/17 às 00h
Atualizado em 23/07/24 às 21h25
Visualizações: 108
Estrutura é semelhante à implantada na Espanha, onde materiais não ficam à céu aberto nem há contato humano - Divulgação/ND
Santa Catarina foi o primeiro Estado do país a acabar com os chamados lixões ou depósitos de lixo irregulares. Com interferência do Ministério Público, os prefeitos assinaram termos de ajuste de conduta e, aos poucos, foram encontrando alternativas para os rejeitos produzidos pela população.
Mesmo assim, o problema do lixo urbano persiste. Cada pessoa produz, em média, pelo menos um quilo de rejeito por dia. Simplesmente enterrar os materiais não é a solução mais adequada. Os aterros sanitários têm prazo de validade e está cada vez mais difícil encontrar locais adequados para este tipo de projeto.
A saída apontada pelos especialistas é a reciclagem do lixo e a transformação do material orgânico em energia. E Santa Catarina, pode, novamente, ser pioneira no Brasil, garantindo solução praticamente definitiva para o problema. Uma empresa com sede no Rio de Janeiro, a Haztec, que gerencia mais de 30 mil toneladas de lixo por dia, em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, João Pessoa e Recife, adquiriu uma área de 20 mil metros quadrados no distrito de Nova Descoberta, em Tijucas.
A aquisição aconteceu para implantar uma indústria capaz de processar 1.000 toneladas de lixo por dia, mediante investimentos iniciais de R$ 100 milhões. Seria a primeira unidade do Brasil 100% alinhada com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, segundo conta o consultor de novos projetos da Haztec, Alexandre Citvaras. A indústria, chamada de Ecoparque, segue o mesmo modelo das existentes atualmente apenas na Espanha e no Japão.
Materiais separados mecanicamente
“Temos uma visão pragmática de como deve ser a destinação dos resíduos, seguindo os mais avançados padrões internacionais. Apostamos no crescimento da reciclagem, na geração de energia e na transparência”, garante Citvaras. Segundo ele, o empreendimento está em fase de licenciamento e terá uma vida útil de 55 anos. “A unidade contará com uma central de recicláveis com eficiência de 20% de separação, o que é 1000% superior à média nacional” continua.
Os equipamentos de triagem mecânica de resíduos serão capazes de separar pelo menos nove tipos de materiais recicláveis: papel, papelão, garrafa Pet, plásticos e outros derivados, tetrapak, alumínio, metais ferrosos e vidro, além de produzir CDR (Combustível Derivado de Resíduos). “Com isso, a Grande Florianópolis terá um enorme potencial para se transformar no maior polo reciclador do Sul do Brasil”, continua.
Apenas o material orgânico deve ser levado para um aterro junto à unidade, onde modernos equipamentos vão extrair o biogás para a geração de energia elétrica. Cerca de 150 pessoas vão trabalhar na fábrica diretamente e praticamente ninguém terá contato com os rejeitos. Outros 450 empregos devem ser gerados em setores como o de transporte dos materiais. Uma rodovia será construída com apoio da empresa para que os caminhões cheguem ao Ecoparque sem precisar transitar por dentro da cidade de Tijucas ou da comunidade de Nova Descoberta.
Comunidade teme formação de lixão
O grande desafio da Haztec é convencer a comunidade de Nova Descoberta de que não vai receber um lixão nem ter problemas com o vai e vem dos caminhões. Os moradores fizeram abaixo assinado e disseram ao prefeito, Elói Mariano Rocha (PSD), que não querem o empreendimento. O prefeito, disse que só aprova a obra se a população aprovar.
“O lixão representa mais caminhões e pouco benefício. Por que não trazem um hospital ao invés disso?”, questiona Bernadete Stulp, uma das articuladoras do abaixo assinado. O representante da empresa afirma que a cidade foi escolhida pela localização estratégica. “Esperamos uma mudança de postura da prefeitura a partir do esclarecimento da população e dos benefícios que vão além dos ambientais”, finaliza.
Ecoparque
Benefícios para Tijucas
-Criação de 150 posto de trabalho diretos e 450 indiretos;
-Aumento da arrecadação de impostos municipais, em especial o ISS, estimado em R$1,65 milhão por ano;
-Aumento do repasse do ICMS devido à comercialização dos recicláveis triados, estimado em R$1,4 milhão por ano;
-Redução dos custos do município com a destinação final de seus resíduos em aproximadamente R$1,2 milhão por ano;
-Atração de novos investimentos, motivada pela melhoria no índice de qualidade de vida em cidades que tratam adequadamente o lixo urbano;
-A soma dos benefícios financeiros diretos para Tijucas totaliza R$4,25 milhões, o que representa o incremento de aproximadamente 50% do orçamento hoje destinado a saúde.
Benefícios para a Grande Florianópolis
-Aumentará os índices de recuperação de recicláveis para 20% dos resíduos encaminhados ao Ecoparque;
-Valorização dos materiais não recicláveis através da produção de Combustível Derivado de Resíduos para comercialização junto aos cimenteiras do Estado, o que representará 25% dos resíduos encaminhados à unidade;
-Redução da disposição de rejeitos em aterro sanitário em 45%;
-Geração de energia renovável através da utilização do Biogás produzido no aterro sanitário;
-Redução da emissão de gases do efeito estufa devido a utilização do Biogás como fonte energética.
Fonte: ND-Online
Mais lidas de hoje