Uma solução para a polêmica ponte da Itinga, em Tijucas

04/04/17 às 18h18
Atualizado em 30/07/24 às 19h38
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 Há cerca de três semanas os moradores do Porto e Centro da Itinga procuraram a Administração Municipal para reivindicar a adoção de medidas visando preservar a ponte sobre o rio Tijucas. Segundo a comunidade, a ponte foi construída para abrigar um trânsito bem mais leve do que está sendo hoje praticado. A referência é aos caçambões dos mineradores de areia e rizicultores que atuam naquela região.

A partir da solicitação feita à Prefeitura os vereadores Vilson Natalino Silvino (PP) e José Leal da Silva Junior (DEM) estiveram vistoriando a ponte e a situação no local. Eles confirmaram as denúncias dos moradores e levaram o caso à Secretaria Municipal de Obras, com o objetivo de encontrar uma solução para o episódio. Em conversa com o secretário Adalto Gomes, ficou acordado o encaminhamento de expediente ao Deinfra, interpelando o órgão sobre o limite de peso da ponte. O secretario Adalto Gomes mandou fixar placas com limite de 12 toneladas, não se sabe com base em que parâmetros. Já os empresários que atuam na Itinga entregaram na Prefeitura a cópia de um laudo técnico do Deinfra, no qual é enfatizado que todas as pontes construídas e reformadas pelo estado nos últimos 20 anos devem ter necessariamente capacidade para 45 toneladas.

Diante de informações equivocadamente recebidas, a Secretaria de Obras determinou a Diretoria de Transportes (Ditran) a fixação de placas nas cabeceiras da referida ponte, proibindo a passagem de veículos pesados com peso bruto superior a 12 toneladas. A medida mobilizou pelo menos 11 empresários da mineração, ceramistas e do agronegócio que trabalham naquela área, os quais estão sendo prejudicados pela proibição. Para eles haveria como solução seguir pelo Rio da Dona e Papagaios, atravessando o Rio Tijucas em Canelinha e retornando pela SC 410 até a BR 101, o que aumentaria o trajeto cerca de 13 km, ou passar pela estrada do Timbé Norte, que não é adequada para o trânsito desses veículos pesados, e retornar ao Pernambuco, acessando a BR 101 por Morretes ou Sul do Rio.

A mobilização dos prejudicados

Assim que as placas foram fixadas os empresarios que atuam no Capim Branco, Porto, margens e interior do Rio Tijucas na altura da Itinga, procuraram a Prefeitura e expressaram estranheza com a iniciativa. Segundo eles, a Prefeitura participou ativamente da reconstrução da ponte do Porto da Itinga e exigiu uma obra que não prejudicasse a atividade econômica. O próprio engenheiro e ex prefeito Valério Tomazi garante que a ponte suporta tranquilamente o tráfego dos caminhões carregados de areia.

Para sanar a situação os mineradores apresentaram uma proposta a Prefeitura: eles contratariam um engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) objetivando a obtenção de um laudo técnico sobre a capacidade de peso da ponte. AS providencia não se fez necessária, já que um dos interessados trouxe o Código de Normas Técnicas (CNT) do Deinfra, o qual considera irregular construções e reparos em pontes que não suportem a passagem de veículos pesados com peso bruto de até toneladas.

Em principio o propósito era sentar com os representantes da Administração Municipal para tentar equacionar o problema.As placas da proibição foram instaladas no dia 20 de março.

Uma solução definitiva

Após aprofundar conhecimento sobre a realidade do tema o vereador Rudnei de Amorim (DEM) levantou uma bandeira inteligente. De acordo com o parlamentar, o problema seria resolvido em definitivo se a Prefeitura unir esforços com os mineradores, rizicultores e ceramistas para reabrir a ligação da estrada do Capim Branco com a estrada geral do Pernambuco. Em linha reta seria uma obra de elevado custo, porém a Prefeitura pode persuadir os produtores de arroz, ceramistas e mineradores para fazer um novo traçado naquela estrada, de maneira a compensar o trecho cercado e interditado há alguns anos.

Conforme o que foi apurado com pessoas que conhecem a história do município, no início do século XIX navios com imigrantes europeus atracavam em São Miguel e de lá esses colonizadores vinham para o Vale do Rio Tijucas a pé. Passavam pela antiga trilha indígena que se estendia da hoje Florianópolis até o Peru, que no idioma Guarani era chamada de “Ipera-beiru”. Esse caminho costeava os morros próximos ao mar e chegava a Morretes. De lá passava pela atual estrada que se estende até o Pernambuco. Desse ponto seguia em direção ao Capim Branco, Rio da Dona, Papagaios, Galera, Índia, Ribanceiras do Sul e interior de São Joao Batista.

As constatações de Rudnei de Amorim, o levaram a descobrir que em 1998/1999 uma decisão da Justiça da Comarca garantiu a dois mineradores a reabertura parcial dessa picada, desde a estrada geral do Pernambuco até o conhecido Rio Morto, atravessando uma propriedade da Madeireira Santa Rosa. Na defesa os mencionados mineradores apresentaram o argumento de que aquela passagem havia sido irregularmente fechada, mesmo se tratando de uma via pública.

Diante desses dados, Rudnei de Amorim propõe a Prefeitura que reúna os rizicultores, pecuaristas e mineradores que trancaram a ligação entre o Capim Branco e o Pernambuco com cercas de arame e que o antigo ou novo traçado seja aberto. A bandeira levantada é para que todos os geradores de empregos e renda da Itinga tenham uma nova via de acesso a BR 101, desafogando a ponte do Porto da Itinga e ainda evitando o centro de Tijucas.

Um dos proprietários de parte dessas terras, o empresário Elson Junckes, afirmou   que é favorável e apoia a reabertura do velho caminho. Basta agora a boa vontade da Prefeitura, visto que os mineradores devem procurar a justiça se o limite apresentado pelo Deinfra não for respeitado.

Texto: Leopoldo Barentin - Fotos: Lorran François Barentin/Drone JR

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